Em 12/09/2023 - Por Fernando Santos
Valência, Espanha - Maximiliano Spósito, um jovem talentoso tenor, fará sua estreia em Portugal durante o Festival de Ópera de Óbidos. Originário da Argentina, Max, como prefere ser chamado, está trilhando seu caminho rumo ao reconhecimento no espaço europeu.
Nascido em Córdoba, Argentina, Maximiliano Spósito começou sua carreira profissional aos 12 anos, cantando em eventos protocolares para organizações sociais e para o Congresso da Província de Córdoba. Seu talento excepcional chamou a atenção da renomada musicóloga, clavecinista e diretora do ensemble historicista Harmonia del Parnàs, Marian Rosa Montagut, que logo reconheceu o potencial do jovem tenor:
"Sua capacidade de emocionar e cativar vem de dentro, de como ele sente a música, de como a torna sua. Sua presença em palco é imensa e sua paixão transborda. Essas qualidades, combinadas com sua notável capacidade de trabalho e humildade - que pude descobrir posteriormente, conhecendo não apenas o cantor, mas também a pessoa - fazem dele um verdadeiro talento promissor."
Agora, Maximiliano Spósito se prepara para participar do Recital, marcado para ocorrer no dia 14 de setembro, às 17h30min, no Museu Abílio de Mattos e Silva, em Óbidos. Lá, interpretará as árias:
André Cunha Leal, fundador da ProART e Diretor Artístico do Festival de Ópera de Óbidos, fala com entusiasmo que:
"É incrível poder promover e testemunhar o desenvolvimento de jovens talentos, pois acreditamos no poder da arte para transformar vidas. Estamos ansiosos para acompanhar o futuro brilhante de Maximiliano e de outros jovens artistas, esta é uma das maiores recompensas para todos nós na ProART".
A entrevista com Max, realizada por Fernando Santos (FS), permite-nos conhecer um pouco mais sobre esta jovem promessa para o mundo da música.
FS: Olá! Quem é Maximiliano Spósito e como começou sua carreira como cantor?
Max: Olá! Meu nome completo é Maximiliano Jeremías Spósito, sou da Argentina e sou tenor. Desde muito jovem, aos 5 anos, comecei a cantar as músicas do jardim de infância. Minhas professoras perceberam que eu participava muito nas aulas e que eu gostava muito de cantar. Eu sabia todas as músicas de cor e as entoava com entusiasmo. Então elas informaram minha família e decidiram me inscrever em aulas particulares de canto. No entanto, naquela época eu era muito jovem e talvez não tenha aproveitado o suficiente. Foi só aos 11 anos que tive minha primeira aula em uma Academia de Canto na cidade de Córdoba, de onde sou, e foi lá que descobri que realmente gostava de música lírica.
FS: É interessante ver que a inclinação para a música pode começar tão cedo... E quais foram os cantores que mais influenciaram seu desenvolvimento musical?
Max: Desde criança, quando visitava meus avós nos fins de semana, eles tinham uma coleção de discos de música orquestral e de alguns cantores como Pavarotti. Eu passava horas no sofá da sala dos meus avós ouvindo os discos de vinil que eles tiravam do armário e limpavam porque haviam ficado guardados por muito tempo. Eu ouvia horas e horas de Pavarotti. Ele foi um dos meus grandes incentivadores para entrar no mundo da música lírica e amá-la profundamente. Maria Callas também é outra das minhas grandes referências. Passei muitas horas da minha adolescência ouvindo esses grandes artistas. Eles são os pilares que me impulsionaram a me tornar um tenor.
FS: É muito bom ter essas referências musicais tão inspiradoras! E quais foram os maiores desafios que enfrentou em sua carreira até agora?
Max: Um dos meus maiores desafios foi a preparação do meu primeiro papel em uma ópera, que foi o papel de Ferrando em "Cosi fan tutte". Lembro-me que uma companhia lírica estava procurando cantores para interpretar essa ópera e decidi tentar. No começo, pensei que seria fácil, mas à medida que o tempo passava, percebi a complexidade de preparar um papel, não apenas musicalmente, mas também psicologicamente, mergulhando na mente e nas emoções do personagem. Foi uma época que lembro com muito carinho, fiz grandes amigos naquela produção e foi um grande sucesso em Córdoba. Foi uma experiência que me ensinou muito e me deu uma base sólida para minha carreira como cantor lírico.
FS: Qual foi sua primeira grande conquista, algo do qual se orgulha?
Max: Uma grande conquista foi entrar no Palau de Les Arts. A preparação para a audição exigiu muito amor, dedicação e horas de estudo. Atualmente, faço parte do programa de aperfeiçoamento deles há um ano, e as lições que tenho recebido, não apenas musicalmente, mas também pessoalmente, ficarão em meu coração e mente para sempre. Cruzar o oceano para seguir meus sonhos foi uma decisão audaciosa e corajosa, especialmente estando longe da minha família. Mas também é algo do qual tenho muito orgulho.
FS: É admirável ver sua dedicação na busca pelos seus sonhos. E quais são suas expectativas e objetivos para os próximos anos de sua carreira?
Max: Principalmente, quero aprender muito. Quero estar com os grandes nomes da música lírica atual, mergulhar nesse mundo maravilhoso. Eu sei que não é fácil se estabelecer como um tenor solista, mas estou dedicando todas as minhas energias e intenções a isso. Quero cantar, é algo que aprendi desde muito pequeno. Acredito que os cantores de ópera devem estar dispostos a comunicar sentimentos que não nos pertencem e se conectar profundamente com o público. Meu objetivo é crescer como artista e interpretar papéis principais em teatros de ópera renomados em todo o mundo. Também gostaria de explorar outros géneros musicais e colaborar com artistas de diferentes estilos. Quero continuar a crescer, aprender e compartilhar minha paixão pela música com o público. Resumindo, meu objetivo principal é me tornar um cantor lírico reconhecido e deixar minha marca no mundo da música.
Veja e ouça abaixo uma breve apresentação deste jovem tenor.
A ária tem o título de "Ah! quel plaisir d'être soldat" da ópera "La dame Blanche", e foi interpretada na sala principal do "Palau de Les Arts" como parte do concerto "Matins a Les Arts".